ANDRÉ DE ARAÚJO LIMA


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Watch Chimes (From "For a Few Dollars More") ·Ennio Morricone

André Lima busca aprisionar memórias, partindo de fotos antigas de familiares, que ele distorce e desfoca. Estabelecendo uma saudade entre o que foi e o presente. Vai o tempo em que foi fixada a imagem, deslocando-se, inclusive com manchas do desgaste nos anos, se atualizando no agora com outra forma de leitura e inteireza. O que foi não é mais, uma outra realidade se instala, como uma herança do passado.

 

O desfoque pode ser lido como uma intenção técnica, também como um pudor, protegendo as figuras retratadas. A percepção leva a intuir o poder da consciência das lembranças na vivência do presente. O que foi impresso na psique do artista, hoje é expresso numa condição visceral. O presente sempre será um fiapo do que passou, guardando sempre fatos reais, fantasias ou enganos. Também são dos enganos que se faz arte. Aqueles que distorcemos na captação do real. A fantasia é inerente ao ser humano. André Lima vive em seus trabalhos processos de memória, enganos, fantasias, passado, presente e aponta para o futuro uma atuação marcante na fotografia brasileira.

César Romero



A memória, força motriz constante em meu trabalho, é uma coleção de fragmentos, rede de conexões que se estende da mente e do corpo como um vasto labirinto. Tento explorar como esses fragmentos se conectam e se desdobram, como se formassem uma paisagem mental. Minhas obras frequentemente incorporam elementos que representam a complexidade

das memórias, misturando formas abstratas com objetos reconhecíveis do passado, do presente e do porvir. As perdas são uma parte inevitável da existência, e meu trabalho não foge dessa realidade. Abordo a sensação de vazio deixada por perdas significativas. Muitas vezes, crio espaços que

parecem incompletos, cheios de lacunas e ausências, refletindo a complexidade das emoções que acompanham a perda.

Um bom exemplo de utilização da fotografia para fins artísticos é Um Dia para Corridas, de André Lima, em que estabelece uma relação orgânica entre a arquitetura do corpo humano e o movimento, carne e máquina, numa sensível interdependência mútua.


Dilson Midlej



No caso de André Lima, a concepção fundamental de seu trabalho nos remete, naturalmente, à memória. Seu sentido latente, no entanto, não faz referência à ideia vulgar que normalmente atribui-se à memória – estritamente ligada ao passado e à lembrança, apenas. A distorção em fotos antigas implica justamente movimento, duração, tempo não-reconciliado. Dessa maneira, a transfiguração do antigo, proposto por André, é o modo pelo qual – e no qual - o passado coexiste e se efetiva no presente. Henri Bergson afirma que “a memória de modo algum consiste em uma regressão do presente ao passado”, nesse sentido pode-se dizer, metaforicamente, que essas fotografias nos falam – ao mesmo tempo em que procuram - sobre “o eco de um tempo distante que vem magicamente pela areia”

Laio Bispo

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