Entrelaçar o corpo da pintura com o grito da surdez. Lembro-me da primeira vez que vi o icônico quadro de Much: O grito para mim foi incompreensível e desconcertante. Como aquilo pode ser arte? Mas uma pintura tão potente não escapa fácil do imaginário de qualquer pessoa e a pretensão deste grupo de cinco telas é fazer não escapar os sentidos por uma interpretação imediata, banal. Não, estas pinturas foram concebidas por um sentimento de luta entre forças criadoras, tensões que inquietaram por semanas seus criadores.
A pintura de Samira representa uma força expressiva e ao mesmo tempo uma luta pelo domínio da forma pela potência incontrolável da cor. Sua mensagem é forte, atravessa o limite de uma linha bem desenhada, não importa muito os limites e regras cromáticas, espalhar a matéria da pintura e indagá-la sobre sua natureza impondo sua vontade de dizer, de viver, de ser algo mais além da mera superfície da pintura.
Vitor imprimiu um grafismo urbano com uma dimensão crítica muito pertinente às questões ambientais, sociais e globais. Uma experiência em vórtice em que a mão em primeiro plano nos mostra e nos esconde algo, ela em si é um eco pálido de um som misterioso que vem até nós por debaixo da areia submersa dos mares.
Maria Clara brinca com a anatomia humana e sua simbologia. Com algumas cores ela consegue modelar o corpo, trazer para a superfície da tela uma constelação de significados, coleção de gestos para iluminar as falas, estas nem sempre são ouvidas, muitas vezes caladas e jogadas ao chão.
Thalya nos traz um enredo minucioso de mãos gesticulando numa flora surreal. Talvez sua trama tenha revelado um lado de sua personalidade: para ela todas as falas são importantes, por isso merecem destaque e são nutridas por uma seiva que sintetiza natureza e humanidade.
Heveli cria uma pintura de poucos gestos pictóricos em sua mensagem de gestos da língua de sinais brasileira, a Libras. O eu te amo aqui se torna imagem onde tons vibrantes de cor unem-se ortogonalmente para, delicadamente dizer da importância de um gesto. Gestos muitas vezes podem nos trair, mas na pintura tudo fica, nada se apaga, e os gestos de Heveli são decididos, falam da verdade que nenhuma palavra traduz, só o gesto aqui é a fala.
Este projeto tem como objetivo promover a inclusão e a valorização da cultura surda por meio da expressão artística. A proposta é envolver os estudantes do ensino médio integrado do INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA em experiências artísticas que considerem a língua de sinais e as particularidades da comunidade surda.
Objetivos:
1. Promover a Inclusão: Desenvolver atividades artísticas que considerem a diversidade e promovam a inclusão de estudantes surdos, proporcionando um ambiente inclusivo.
2. Explorar a Linguagem Visual: Estimular a criação artística a partir da linguagem visual, usando a Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) como meio de expressão.
3. Desenvolver Competências Artísticas: Proporcionar experiências que desenvolvam habilidades artísticas nos estudantes, promovendo a criatividade e expressão individual.
4. Fomentar a Sensibilização Cultural: Promover o entendimento e respeito pela cultura surda, destacando a importância da arte como meio de comunicação e expressão.
Metodologia:
1. Oficinas de Arte Surda: Realizar oficinas práticas explorando diferentes formas de expressão artística, como pintura, escultura, e fotografia, utilizando a língua de sinais como elemento integrante.
2. Conversas com Artistas Surdos: Convidar artistas surdos para compartilhar suas experiências e técnicas artísticas, proporcionando aos estudantes uma visão enriquecedora sobre a diversidade na arte.
3. Produção de Obras Coletivas: Desenvolver projetos artísticos colaborativos que envolvam todos os estudantes, promovendo a cooperação e a troca de experiências.
4. Exposição de Arte Inclusiva: Organizar uma exposição de arte inclusiva, aberta à comunidade acadêmica e local, destacando as obras produzidas durante o projeto.
Avaliação:
A avaliação será contínua e considerará não apenas a qualidade técnica das produções artísticas, mas também a participação, o respeito à diversidade e a evolução individual dos estudantes ao longo do projeto.
Resultados Esperados:
1. Desenvolvimento Artístico: Aumento das habilidades artísticas e criativas dos estudantes.
2. Conscientização Cultural: Maior compreensão e respeito pela cultura surda.
3. Promoção da Inclusão: Criação de um ambiente mais inclusivo e acolhedor para os estudantes surdos.
4. Produção Artística Permanente: Obras de arte que podem ser integradas ao ambiente do INSTITUTO FEDERAL como forma de celebração da diversidade.
Este projeto visa criar oportunidades para que os estudantes explorem a arte de forma inclusiva, celebrando a diversidade presente no INSTITUTO FEDERAL DE EDUCAÇÃO CIÊNCIA E TECNOLOGIA. Além disso, busca construir pontes de entendimento entre diferentes formas de comunicação, promovendo uma cultura mais rica e inclusiva para todos.
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